A PÁSCOA CRISTÃ E A MUDANÇA DE PARADIGMA
Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio
"Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele qe crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente".
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     Quase me abstive de escrever sobre a páscoa, pois achava que esse seria um assunto esgotado em todos os boletins que estivessem ao nosso alcance. No entanto, no último culto uma irmãzinha me perguntou o que era a Páscoa, pois sabia que ela que originalmente, era um ritual judaico. Resolvi então, escrever sobre a Páscoa cristã.
     A Páscoa cristã celebra o mistério da morte e ressurreição de Jesus, o Cristo. Nela, o sangue dos animais sacrificados para a remissão dos pecados é substituído pelo corpo e sangue de Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, imolado de uma vez para sempre. E esse sacrifício repercute por toda a eternidade: desde antes da fundação do mundo o sangue de Jesus era conhecido, afirmam os apóstolos. Como já foi dito inúmeras vezes, para que Deus pronunciasse "haja luz" foi necessário que antes pronunciasse "haja cruz". Somente o sacrifício de Jesus, o Cristo, dá sustentação a um mundo que, não obstante sua maldade, permanece alvo da misericórdia e graça de Deus.
     Sendo verdade que a morte de Jesus Cristo possibilita a existência, sua ressurreição dá sentido a ela. Na ressurreição de Jesus Cristo há a inversão da polaridade da vida. O paradigma "viver antes, morrer depois", em Jesus é substituído por "morrer antes, viver depois". A real densidade da vida é aquela que Jesus Cristo conquista em sua ressurreição. O ressuscitado tem uma vida que não morre mais. A vida em sua plenitude exige a morte; somente depois de morrer é possível viver verdadeiramente.
     Quem vive preso ao paradigma "viver antes, morrer depois", está preso a uma qualidade de vida finita, contida nos limites da mortalidade. Por mais que se esforce  para superar o drama da morte, estará sempre combatendo um inimigo com quem não se pode negociar. tentará superar sua finitude com as coisas efêmeras da existência: o retardamento do envelhecimento, a entrega insaciável ao prazer, ao conforto e ao bem estar, ou será vítima do encharcamento da náusea e do desespero. A morte está sempre à espreita, revestindo de transitoriedade tudo aquilo a que o iludido tenta se apegar para vencer sua condição mortal.
     Aquele que vive sob o novo paradigma da ressurreição: "morrer antes, viver depois", encontra e desfruta a verdadeira dimensão da vida. Não pode ser ferido pela morte, pois já morreu e ressuscitou. Na linguagem de Jesus, "passou da morte para a vida", isto é, já não vive mais aprisionado pelo medo da morte e não teme a carência de coisa alguma, pois já experimenta o que não se pode perder. É capaz de desfrutar sem possuir, fruir o efêmero e caminhar sereno pela sexta-feira da paixão, pois está seguro na promessa e na esperança do domingo da ressurreição.
     Seguir Jesus é colocar os pés na rota da vida eterna. Vida com qualidade divina, que não se esgota nos limites do corpo mortal, mas se plenifica no corpo da ressurreição, quando o mortal se reveste de imortalidade e o corruptível de incorruptibilidade. A vida eterna é mais do que vida para sempre e sua realidade diz respeito a algo mais do que o tempo de existência. Não importa quanto tempo eu vou viver, mas que tipo de vida anima meu ser. Quem acredita que a vida é o que se tem até que a morte chegue, concentrará todos os seus esforços e energias em conquistar o melhor possível aqui e agora. Quem sabe que a plenitude da vida está pautada no além do túmulo que fica vazio na ressurreição, saberá viver aqui e agora além dos limites de morrer, terá a verdadeira vida desde já, pois Jesus, o Cristo, prometeu: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente".
     Então tenha certeza que "Olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual, pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.". Hb 12:2  
Nós cristãos pensamos que nossa salvação veio do sofrimento de Jesus por nós!
Sofrimento não salva, cria apenas amargura e mata!
Nossa salvação não vem da Crucificação, mas da Cruz!
A Crucificação é um cenário!
A Cruz é o sacrifício eterno que teve na Crucificação apenas o seu cenário histórico, com todas as implicações da Graça em nosso favor.
A Crucificação estava exposta à interpretação dos sentidos humanos: "Este era verdadeiramente Filho de Deus" — confessava o centurião, perplexo com o modo como Jesus morrera. Também reagia assustado diante do fato que a terra tremia enquanto a escuridade envolvia subitamente a tarde daquele dia.
A Cruz, todavia, é infinitamente maior que a Crucificação. O Sangue que purifica de todo pecado não é um líquido; é uma oferta de amor perdoador.
Na Páscoa, portanto, celebra-se o cordeiro simbólico que aparece desde o Gênesis. Ganha rito instituído no Êxodo, é praticado durante séculos e tem sua realização histórica na crucificação. A Cruz, no entanto, é o fator criador por trás de toda criação: o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo, para a remissão dos pecados daqueles que tivessem arrependimento, e fossem transformados através da aceitação do sacrifício para uma NOVA VIDA!
Nessa consciência o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.
Por isso é que eu posso caminhar sem medo. Sem neuras ou fobias de não pecar. Pois procurarei andar na luz que me é oferecida pelo Espírito Santo.
Não procurarei aquilo que faz sofrer a mim, ao meu próximo, ou que destrói o meu corpo que é templo do Espírito Santo e o que é pecado. Mas se por acaso eu falhar e me arrepender, tenho a Graça e o Amor de Deus para me restaurar
É a certeza da Graça eterna aquilo que nos dá paz para viver na terra.
 A Crucificação é o Cenário exterior!
A Cruz tem que ser a Realidade interior!
A Crucificação revela a maldade humana!
A Cruz revela a salvação de Deus!
Quem crê é justificado e tem paz com Deus. Além disso, já passou da morte para a vida! Amém!

Oremos: Bondoso Pai, faça que cada um de nós entenda, de forma clara, essa mudança de paradigma trazida pela Cruz. Que possamos levar nossas vida sem medo de pecar, uma vez carne que somos, certos da sua Graça e Amor infinitos e restauradores. Que eu e todos aquele que escolheram seu Filho como fiel e único Salvador, tenhamos, definitvamente em nossos corações que a crucificação de seu Filho Jesus não passou de maldade humana. Mas que a Cruz nos traz a revelação da salvação de Deus. E que assim possamos passar da morte para a vida incorruptível. Amém!
 

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