CARNAVAL! CUIDADO COM O QUE VOCÊ VAI FAZER!

Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio


“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da sua consciência”.

1 Co 10. 23-25

Meditação de 17/2, Carnaval


            O Carnaval é uma tradicional festa popular realizada em diferentes locais do mundo, sendo a mais celebrada no Brasil. Apesar do forte secularismo presente no Carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a Quaresma. O Carnaval não é uma invenção brasileira, pois sua origem remonta à Antiguidade.

            A palavra Carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Esse sentido está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e também ao controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de controlar os desejos dos fiéis.

Origem do Carnaval

            Alguns estudiosos entendem o Carnaval como uma festa cristã, pois sua origem, na forma como entendemos a festa atualmente, tem relação direta com o jejum quaresmal. Isso não impede que sejam traçadas as origens históricas que nos mostram a influência que o Carnaval sofreu de outras festas que existiam na Antiguidade.

            Na Babilônia, duas festas possivelmente originaram o que conhecemos como Carnaval. As Sacéias eram uma celebração em que um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.

            Outro rito era realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera, um momento de comemoração do ano novo na Mesopotâmia. O ritual ocorria no templo de Marduk (um dos primeiros deuses mesopotâmicos), onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.

            O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao Carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao seu deus. Possivelmente a subversão de papéis sociais no Carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres, muitos usarem fantasias que escondem sua identidade e outras práticas semelhantes, é associável a essa tradição mesopotâmica.

            A associação entre o Carnaval e as orgias pode ainda relacionar-se com as festas de origem greco-romana, como as bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam eles dedicados ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcados pela embriaguez e pela entrega total aos prazeres da carne.

            Havia ainda, em Roma, a Saturnália e a Lupercália. A primeira ocorria no solstício de inverno, em dezembro, e a segunda, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças e sexo exacerbado. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos.

Cristianismo e Carnaval

            As festas citadas eram, naturalmente, celebrações pagãs, para não dizem satânicas e eram extremamente populares. Com o fortalecimento de seu poder, a Igreja não via com bons olhos essas celebrações nas quais as pessoas se entregavam aos prazeres mundanos. Nessa concepção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se também a relação entre Deus e o demônio. Era o diabo quem mandava!

            A Igreja Católica, então, procurou ressignificá-las dando-lhes um senso mais cristão. Durante a Alta Idade Média, foi criada a Quaresma — período de 40 dias antes da Páscoa caracterizado pelo jejum de purificação do que havia feito nessas festas. Tempos depois, as festividades realizadas pelo povo foram concentradas nesse período e nomeadas carnis levale.

            A Igreja pretendia, dessa forma, manter uma data para as pessoas cometerem seus excessos, antes do período da severidade religiosa. Nesse momento, o Carnaval estendia-se durante várias semanas, entre o Natal e a Páscoa.

Carnaval na Europa medieval e moderna

            O Carnaval medieval era marcado por festas, banquetes e muitas brincadeiras.

            Durante os carnavais medievais, por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam às ruas e aos campos durante algumas noites. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também com os beijos e outras práticas das jovens das casas.

            Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca.

            Era comum na Itália renascentista a realização de bailes de máscara durante o Carnaval. O rosto encoberto permitia toda espécie de orgia e excessos.

            A lógica que regia as festas da Antiguidade era a mesma para o Carnaval na Europa da Idade Média e Moderna: o mundo de cabeça para baixo. Sendo assim, tratava-se de um período de inversão proposital da ordem, portanto, as restrições das vidas das pessoas eram abolidas, e os papéis que existiam naquela sociedade, invertidos. Ou seja, quem mandava era quem era mandado.

            A partir do século XVI, houve iniciativas de impor o controle sobre as festas carnavalescas no continente, dadas as barbaridades que aconteciam durante o período delas. Essa tentativa de silenciamento foi uma reação aos conflitos religiosos que atingiam a Europa naquele período, mas também pode ser explicada como forma de impor controle social. Outra explicação pode ser o conservadorismo vigente que buscava demonizar as festas populares.

           Hoje o que temos é um total desrespeito a qualquer princípio ético e moral. Principalmente aqui no Brasil, onde mulheres seminuas sambam ao som de marchas de letra duvidosa, algumas até enaltecendo Satanás, como foi o caso da Grande Rio, que entrou cantando sobre o mensageiro entre o mundo espiritual e o humano, que acreditam ser o diabo. Assim, um carro alegórico dedicado a essa figura Satânica levantou aplausos da arquibancada. Mais uma vez, a inversão de valores, presente desde a antiguidade.

            É por essa e mais dezenas de coisas, que devemos tomar cuidado com o carnaval! Primeiro pelo que ele significa. Depois pelas fantasias que usamos ou botamos em nossos filhos(quem não vê crianças fantasiadas de diabinho?). E por fim, pela preservação do templo do Espírito Santo, a saber, nosso corpo, que não deve ser usado e abusado irresponsavelmente, deixando, não poucas vezes, muitas moças e até meninas prenhas, sem sequer saber o nome do pai!

            Por essa e por outras mais, tais como o abuso do álcool, o consumo de tóxicos, o sexo desenfreado e a liberação de todos os instintos, praticamente nos igualando aos animais, é que termino esta Meditação com a canção ORAÇÂO PELA FAMILIA, de autoria do Padre Zezinho. Diz ela:

             "Que nenhuma família comece em qualquer de repente;

Que nenhuma família termine por falta de amor.

Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente

E que nada no mundo separe um casal sonhador


Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte;

Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois;

Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte;

Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois.


Que a família comece e termine sabendo onde vai

E que o homem carregue nos ombros  a graça de um pai.

Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor

E que os filhos conheçam a força que brota do amor


Abençoa, Senhor, as famílias. Amém!

Abençoa, Senhor, a minha também!


Que o marido e mulher tenham força de amar sem medida; 

Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar perdão.

Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida;

Que a família celebre a partilha do abraço e do pão.


Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos;

Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.

Que o seu firmamento a estrela que tem maior brilho

Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.


AMÉM!


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