SOLUS CHRISTUS

Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio 


Dando seguimento aos "Cinco Solas" de Martinho Lutero, estudamos hoje o "Solus Christus". Esta afirmação surgiu por causa dos sacerdotes, que se achavam autoridades  e se impunham como tal, chegando ao máximo de dizer quem ia para o céu e quem ia para o inferno. Surgiu então, como forma de reação dos protestantes contra a igreja católica secularizada e contra os sacerdotes que afirmavam ter uma posição especial e serem mediadores da graça e do perdão por meio dos sacramentos que ministravam, inclusive da cobrança de indulgências. A reforma defendeu que tal mediação entre o homem e Deus é feita somente por Cristo, único capaz de salvar a humanidade e o tema central da reforma protestante.


SOMENTE POR CRISTO

Mensagem de 17/12


            Solus Christus, (às vezes usado na sua forma ablativa Solo Christo), é um dos cinco solas propostos no século XX para retratar os ideais protestantes que resumiriam as crenças fundamentais do cristianismo. Solus Christus é o ensino de que Cristo é o único mediador entre Deus e o homem, e que não há salvação por meio de nenhum outro.

Conceito

            Esta expressão latina refere-se ao termo: "salvação somente por Cristo". Embora os reformadores não utilizassem esse, termo, o teólogo neo-ortodoxo Emil Brunner ao comentar o sistema teológico de Karl Barth acrescentou Christus solus aos outros "solas". Os protestantes rejeitam os dogmas relativos ao papa como representante de Cristo e chefe da Igreja sobre a terra, rejeitam o conceito de mérito por obras e a ideia católica de um tesouro vindouro por causa das boas obras. Teólogos protestantes acreditam que a salvação pelas obras é uma negação do sacrifício de Cristo pela salvação de todos os que crerem na sua Palavra, Ele é o único mediador entre Deus e os homens.

            Tal conceito de que a salvação possa ser concedida pelas obras é refutado pelo próprio Código de Direito Canônico e pelo Catecismo da Igreja Católica , visto que a forma interpretativa dos Protestantes é deliberadamente equivocada. Porém ambos concordam, que as obras devem ser praticadas com o dom da fé e do amor, de acordo com as Escrituras Bíblicas pelo apóstolo S.Tiago 2:14-26 e que tais atos de caridade realizados separadamente não garantem atitudes de um cristianismo genuíno, e que por consequência prejudicaria a Salvação em Cristo.

            A Interpretação Protestante de Solus Christus, ou "apenas Cristo", exclui a classe sacerdotal como necessária para os sacramentos e qualquer outros mediadores entre Deus e o homem. Consequentemente, este princípio rejeita o sacerdotalismo, a crença de que não há sacramentos na igreja sem os serviços de padres ordenados por sucessão apostólica. Tal interpretação viola a função dos ministros de Deus devidamente organizados por Cristo como podemos ler na carta de 1 Coríntios 12. 28-31 escrita pelo Apóstolo São Paulo que diz:

28 Por isso, na igreja Deus colocou em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, ensinadores; e depois os que fazem milagres, os que têm o dom de curar, outros com o dom de ajudar o semelhante, outros que sabem administrar a igreja, e outros ainda que falam línguas que nunca aprenderam.

29 Deverão ser todos apóstolos? Serão todos pregadores ou profetas? Tornar-se-ão todos ensinadores? Poderão todos fazer milagres? 30 Podem todos curar os doentes? Dá-nos Deus a todos a capacidade de falar línguas que não conhecemos? Pode qualquer pessoa interpretar o que aqueles que têm esse dom dizem? Claro que não. 31 Contudo, esforcem-se por serem capacitados com os dons mais importantes. 

             Já a teologia protestante afirma o mesmo que a católica, que a Escritura e sua doutrina sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é solus Christus, “somente por Cristo”, isto é, Cristo é o único Salvador (Atos 4:12). B.B. Warfield escreveu: “O poder salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas repousa no Salvador Todo Poderoso”. Embora a teologia da Igreja Católica contida no Código de Direito Canônico e no Catecismo da Igreja Católica jamais negou em sua essência a centralidade de Cristo, isso também vem a ser fundamento da fé protestante. Podemos ver que Martinho Lutero  dizendo que Jesus Cristo é o “centro e a circunferência da Bíblia” — isso que quem ele é e o que ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo fundamental da Escritura, independente das diferenças entre as doutrinas Protestantes e Católica. A existência dos intercessores celestes não remove ou substitui a Única Salvação em Cristo, mas sim ajunta, segundo a escritura bíblica de Mateus 12:30 onde o próprio Jesus Cristo disse: “Quem não é por mim é contra mim; quem não ajunta comigo, espalha.”. Ulrico Zuínglio disse: “Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”, assim como o Catecismo da Igreja Católica diz:

“Lendo o "Catecismo da Igreja Católica", pode-se captar a maravilhosa unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da Santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo, para ser o nosso Salvador. Morto e ressuscitado, ele está sempre presente na sua Igreja, particularmente nos sacramentos; ele é a fonte da fé, o modelo do agir cristão e o Mestre da nossa oração.”

            Sem Cristo, nada podemos fazer; nele, podemos fazer todas as coisas (João 15:5; Filipenses 4:13). Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos 1-2 que, embora haja uma auto manifestação de Deus além da sua obra salvadora em Cristo, nenhuma porção de teologia natural pode unir Deus e o homem. A união com Cristo é o único caminho da salvação e nisso, Católicos  e Protestantes se concordam. Cristo é profeta, Cristo é sacerdote e Cristo é rei!

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